Quarta-feira, 2 de Julho de 2008
Homens à Beira-Mar


 

 

Nada trazem consigo. As imagens 
Que encontram, vão-se delas despedindo,
Nada trazem consigo, pois partiram
Sós e nus, desde sempre, e os seus caminhos
Levam só ao espaço como o vento.


Embalados no próprio movimento,

Como se andar calasse algum tormento,
O seu olhar fixou-se para sempre
Na aparição sem fim dos horizont
es.

Como o animal que sente ao longe as fontes,
Tudo neles se cala para auscultar
O coração crescente da distância,
E longínqua lhes é a própria ânsia.

É-lhes longínquo o sol quando os consome,
É-lhes longínqua noite e a sua fome. 
É-lhes longínquo o próprio corpo e o traço,

Que deixam pela areia, passo a passo.

Porque o calor do sol não os consome,
Porque o frio da noite não os gela,
E nem sequer lhes dói a própria fome,
E é-lhes estranho até o próprio rasto.

Nenhum jardim, nenhum olhar os prende,
Intactos nas paisagens onde chegam
Só encontram o longe que se afasta,
As aves estrangeiras que os traspassam,
E o seu corpo é só um nó de frio
Em busca de mais mar e mais vazio.

 

 

 

Sophia de Mello Breyner Andresen in, Poesias I-III (1944)

Foto:  LaraR- Pontão Praia Nova - Caparica - Janeiro08

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