Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem. (SMB)
Nesta edição dedicada às meninas, não poderia deixar de falar nesta coluna de uma das atletas actualmente melhor sucedidas do panorama do desporto nacional. Rita Pires é uma bodyboarder de “B” maiúsculo, com uma carreira recheada de títulos e bem gerida mediaticamente. Aos 30 anos, Rita está na sua melhor forma – é actual 6ª no ranking mundial - tem o seu próprio programa de televisão, uma academia de bodyboard e é ainda presidente da Associação de Bodyboard da Caparica. Apesar de todos estes feitos, parece que o sucesso não lhe sobe à cabeça e Rita conserva um espírito de humildade genuíno. Acima de tudo, esta certeza do bodyboard nacional é o exemplo perfeito de como deve um atleta gerir a carreira neste deporto. Aquilo que todos invejam neste meio, Rita Pires conseguiu: ser uma atleta dedicada a 100% ao seu desporto. Mas até aqui, houve que percorrer um longo caminho.
Tudo começou quando Rita tinha 10 anos e, através do seu irmão, experimentou pela primeira vez o bodyboard por mera brincadeira. No entanto, a Praia do Norte, na Costa da Caparica, passou rapidamente a ser a sua segunda casa. Aos 14 anos iniciou-se na competição através do Circuito Regional da Costa da Caparica e, aos 16, competiu pela primeira vez no Circuito Nacional. No seu ano de estreia, Rita não faz por menos e sagra-se campeã nacional, frente à experiente Dora Gomes, que até ali não tinha adversárias à sua altura. O seu primeiro título internacional surge aos 18 anos, em 1996, ao alcançar a Medalha de Ouro no Campeonato Europeu de Juniores. Ao fim de 16 anos de carreira, a Rita já acumula no seu currículo 11 títulos de Campeã Nacional, 5 títulos de Campeã Europeia e 6 representações da Selecção Nacional. E pensar que Rita anda esteve perto de desistir a meio do seu percurso.
Ao terminar o curso de arquitectura a atleta estava quase decidida a abandonar a competição. É precisamente nesta altura que conhece Romeu Ribeiro que a incentiva a continuar e a faz encarar o bodyboard duma forma mais positiva. Rita não esconde que a presença de Romeu, seu namorado e treinador, foi decisiva: juntos desenvolveram um trabalho em conjunto com vista a atingir um ritmo mais competitivo. Mas um atleta de alta competição, como é a Rita, não se constrói apenas com muito apoio emocional, orientação do treinador e vontade própria. É numa rigorosa disciplina física e mental que reside a sua garra competitiva. Uma rotina de treino intensa composta por corrida, ginásio, yoga e boxe, ajudam a mantê-la em excelente forma. Não é à toa que Rita se dá bem em ondas grandes: já venceu em 2003 e 2005 o Nazaré Special Edition e foi vice-campeã da etapa do circuito mundial Iba Pipeline Pro 2008. Para além do trabalho físico, o trabalho mental também é uma componente essencial: um psicólogo desportivo ajuda-a a manter-se confiante e mais relaxada durante os campeonatos.
Ultimamente a vida de Rita Pires não se resume só a momentos competitivos. Desde que reuniu condições para se dedicar inteiramente ao bodyboard, apoiada sobretudo pela Deeply, a Rita tem aliado os destinos do circuito mundial a outros, para free surf. Em 2008 bateu o seu recorde de viagens: Ponphei, na Micronésia; Oaho, no Havai; o Rio das Ostras e Itajaí no Brasil; Angelet, na França; passando ainda por Marrocos, S. Miguel, Puerto Escondido e Gran Canária. Entra com o pé direito em 2009 ao empreender uma viagem de um mês às ilhas de Cabo Verde onde, além do habitual free surf, ainda ministrou um workshop de bodyboard aos mais jovens e ao pequeno núcleo feminino da Ilha de S. Vicente. Mais duas etapas do campeonato do mundo fazem-na viajar depois até ao Havai e ao Brasil, onde passa largas temporadas. Com a realização do seu programa de televisão na Sportv3 – a Onda da Rita - surgiu também a oportunidade de visitar destinos há muito adiados: seguiram-se as ilhas Samoa e o Japão, de onde regressou no final de Julho. O que move Rita a passar mais tempo lá fora, do que em casa, não é apenas a competição e o treino. Esta atleta tem também a ambição de divulgar o seu desporto além fronteiras e mostrar a quem fica, as ondas, a cultura, a arquitectura e as gentes de cada país que visita.
Mais do que superar-se a si mesma, a nível competitivo, desenvolver o seu desporto e unir a comunidade são motivações centrais para Rita Pires. O seu contributo estende-se também à criação da Bboard Academy, com aulas, eventos e workshops da modalidade; passando pela presidência da Associação de Bodyboard da Caparica onde, em conjunto com outros associados, recuperou este ano o Circuito Regional da Caparica.
Talvez aqui resida o segredo do seu sucesso… .
Texto Publicado na Revista FreeSurf Secção "Flores do Mar"-
Mais sobre a Rita em http://ritapires.blogspot.com/
Nada mais fácil. Hoje em dia já existe o famoso low cost para a ilha da Madeira, o que à partida reduz o orçamento total da viagem. Conseguem-se passagens a partir dos 30 euros, dependendo das datas de partida, flexibilidade de chegada e da antecedência com que se compra o bilhete. No caso do transporte de pranchas de surf, aconselha-se a ter em atenção se a companhia cobra algum tipo de taxa adicional. As pranchas de bodyboard são consideradas bagagem normal fora de formato e não é cobrado qualquer tipo de taxa. Se conseguirem levar a restante bagagem como malas de mão, sempre poupam mais uns 20 euros ida/volta. Como alternativa ao avião, têm o Ferry a partir de Portimão. Podem levar o vosso próprio carro, a partir de 181 euros ida/volta, para não residentes. Para quem transporta pranchas de surf, esta talvez seja uma boa opção e quanto mais passageiros levarem por carro, mais económico fica. Tenham apenas em atenção a reserva de passagem com antecedência, porque a disponibilidade esgota-se com muita facilidade. Podem fazê-lo pela internet. O único senão é que a viagem demora cerca de 21horas.
A grande fatia do orçamento vai pois para a estadia e, se for o caso, para o aluguer de veículo. Em média alugar um carro ligeiro custa cerca de 30-35 euros por dia, consoante o modelo e fora o combustível, claro está. Andar a pé ou de autocarro está mais ou menos fora de questão, isto se querem “checkar” facilmente os vários spots da ilha no mesmo dia. Uma ilha é uma ilha, mas não é tão pequena assim! Quanto à estadia temos muitas opções. Aluga-se facilmente uma casa em frente ao Paúl do Mar por cerca de 30 euros/dia. Os verdadeiros amantes da natureza, mais poupados, podem sempre acampar. Existe por exemplo o parque de campismo de Porto Moniz, perto da foz da Ribeira da Janela.
As encostas íngremes de basalto formam muitos point breaks que funcionam com ondulações e ventos muito específicos em cada local. Levar uma tabela de marés e consultar regularmente as previsões de vento e swell é indispensável para planear bem as surfadas e aproveitar cada spot no seu melhor. Se estavam à espera de lajes perfeitinhas ou beach breaks esqueçam. Preparem-se para encontrar fundos de basaltos rolantes, que forçam a caricatas entradas e saídas do mar, já para não falar do barulho ensurdecedor que fazem com a força das ondas. Uma experiência no mínimo diferente de tudo o que já surfaram por Portugal Continental. O Jardim do Mar, o Paul do Mar, a Ribeira da Janela e S. Vicente são alguns dos locais mais consistentes.
O Jardim do Mar tornou-se extremamente conhecido pelas suas longas direitas. No entanto, a construção da promenade naquele local veio modificar em muito a qualidade da onda e preparem-se para sair um pouco desiludidos se ouviram falar anteriormente do seu grande potencial. Durante a maré cheia forma-se agora muito backwash e as condições tornam-se difíceis para surfar. O vento ideal é de nordeste ou leste. A ondulação tem de estar relativamente grande para se usufruir da onda em todo o seu esplendor: direitas bastante compridas, ideais para surf.
Perto do Jardim do Mar, uns quilómetros para noroeste, encontramos o Paúl do Mar. É uma onda bastante consistente, pois o vento predominante na Madeira é o de nordeste (offshore no Paúl) e a partir de 1.5 a 2m de swell já proporciona boas ondas. A onda do Paúl é uma direita comprida, rápida e com uma secção muito tubular, excelente para bodyboard. O ideal para surfar é na meia maré a encher ou cheia a vazar, pois a melhor secção da onda situa-se numa espécie de “laje” de basaltos, mais de inside. No entanto, em qualquer maré se fazem boas ondas. Os bodyboarders locais que encontrámos aqui foram muito afáveis e simpáticos. Se falarem com jeitinho, aconselham-vos bem em relação a outros spots da ilha e, quem sabe, outros locais menos conhecidos. Como em todas as viagens não se esqueçam que não estão a surfar “em casa” e têm de respeitar primeiro para também serem respeitados.
Para quem gosta mais de esquerdas tem a opção de surfar na Ribeira da Janela, na parte mais a norte da ilha. Embora a remada seja longa para se chegar ao pico, existe um bom canal que ajuda a lá chegar. Contem mais uma vez com os basaltos e com um ou outro dedo do pé entalado. Mas vale bem a pena o sacrifício: a onda é uma esquerda tubular bastante comprida, embora com algumas secções mais moles. O vento ideal vem do quadrante sul e a ondulação, a partir dos 2m do quadrante norte, já proporciona boas ondas.
São Vicente, também na zona norte da ilha, é outra onda bastante popular e com grande potencial. No entanto, durante a nossa estadia nunca a conseguimos apreciar em condições ideais. Trata-se de uma direita de secção inicial tubular, tornando-se mais mole no final. Com ondulação a partir de 1.5 a 2m de quadrante norte e vento quadrante sul já a poderão ver a funcionar em todo o seu esplendor.
Mas o surf na ilha da Madeira não se faz só de spots conhecidos. Quase cada recanto da ilha é um pico em potencial, basta estarem as condições certas. Tivemos essa sorte numa tarde em que parecia que nada funcionava. Um pouco mais a este da Ribeira da Janela, perto do Seixal, encontrámos um pico de esquerdas tubulares que nos fizeram largar imediatamente a máquina fotográfica e passar à acção. A ondulação vinha de 2.4m de noroeste e fazia vento de oeste, mas o ideal será de sudoeste para entrar bem de offshore. Não deixem de estar atentos ao mar, às condições e acima de tudo, troquem algumas impressões com quem ande a surfar por lá. Foi exactamente assim que tomámos conhecimento duma boa direita nas Achadas da Cruz, mas que nunca vimos a funcionar em condições ideais. Quem tiver medo de alturas esqueça, porque a única maneira de lá chegar com o material é pagar 5 euros e descer pelo elevador de carga cerca de 500 metros a pique. A alternativa é o teleférico, onde não é permitido levar qualquer tipo de bagagem. Por último, não poderíamos deixar de falar na onda da Ponta Pequena, situada entre o Jardim do Mar e o Paúl, muito tubular e excelente para bodyboard. No entanto só é surfável em dias maiores, caso contrário, quebra demasiado em cima dos basaltos junto à margem.
Para além das ondas…
Além do material e duns bons ténis, não se esqueçam de uma camisola adicional, pois se junto à praia estão 25º, no mesmo dia apanham 5º nos pontos mais altos da ilha. Para além das ondas, reservaria uma semana inteira só para fazer as dezenas de quilómetros que os roteiros de caminhadas propõem por toda a ilha. Mas, à falta de tempo, sugiro que subam de carro aos miradouros e apreciem a paisagem sobre a ilha e o mar. A Eira do Serrado com vista para aldeia do Curral das Freiras é sublime, assim como o Pico dos Barcelos com vista para o todo o Funchal. O Pico do Areeiro, a 1818m de altura, também a não perder. E com vista sobre o mar, não deixem de ir à Ponta do Pargo e o ao Cabo Girão. Com sorte, ainda vêm a direita do Girão a funcionar! E por falar em ondas, quando forem à Ribeira da Janela, não deixem de apreciar a parte norte da ilha, com flora luxuriante e dezenas de cascatas a desaguar no mar. Também não podem deixar de fazer as descidas de teleférico sobre o Funchal ou, a preço bem mais acessível (3 euros), das Achadas da Cruz. Não deixem ainda de reservar uns trocos para provar o bolo do caco (uma espécie de pão de alho no forno), as espetadas de Câmara de Lobos, o bife de atum e peixe-espada com segurelha ou a poncha do Pescador que se encontra por toda a ilha. Mas bebam com moderação, pois acreditem que apesar de doce, faz bastantes estragos! O seu consumo em demasia tem geralmente como consequências alguns wipeouts no dia seguinte… .
Não poderia terminar sem falar da noite. Uma espécie de Algarve o ano inteiro, com boas discotecas e bares junto à zona ribeirinha do Funchal, onde não faltam as habituais “bifas” a fazerem-se ao “bife” e vice-versa. Meninas e meninos o melhor é deixarem os respectivos em casa, tragam apenas as pranchas e preparem-se para alguns dos melhores dias das vossas vidas. As férias já estão aí e o sonho aqui tão perto.
Texto Publicado na Revista FreeSurf Secção "Flores do Mar"-
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