Quarta-feira, 18 de Março de 2009
Sonhos de sal

 

Os Sonhos. Sempre me fascinei pelos Sonhos. Não aqueles que comandam a vida, projectos oníricos ou suspiros por aquilo que queremos vir a ter ou a fazer. Falo dos Sonhos fabricados enquanto dormimos. Meros devaneios sem grande sentido, farrapos de experiências misturados num enredo sem princípio nem fim? Ou memórias recalcadas de outras vidas passadas, experiências de estados de consciência alternativos? Isto inquieta-me profundamente.

A minha primeira onda foi um tubo perfeito. Um longo tubo numa direita, em nenhures. Eu e uma parede azul translúcida iluminada pelo sol que me envolvia num bruar interminável. Aquela impressão no estômago, a adrenalina, a alegria imensa, a sensação de tempo estático. A minha primeira onda foi apanhada numa Winchester azul clara. Lembro-me de tudo isto como se fosse hoje, como se tivesse aberto agora os olhos da cabeceira da almofada e me tivesse sentado na cama com o sorriso mais atónito do mundo - "mas-que-é-que-me-acabou-de-acontecer?". A minha primeira onda foi fruto do meu pensamento. O primeiro tubo do qual saí desembocou no estado de vigília, directamente para dentro do meu quarto. Será possível?
Fosse por tanto ler, ver, ouvir falar, fotografar; fosse pelo desejo crescente em mim de surfar, como foi possível viver no meu Sonho algo tão perfeito, tão próximo do real?
Passado pouco tempo larguei os pontões, a máquina fotográfica e o medo de não ser capaz e fiz-me ao mar. A minha primeira onda real não foi um tubo perfeito. Longe disso. Foi no Barbas, rodeada de crowd, numa Genesis UltraBat amarela emprestada, num dia de meio metrinho. A minha primeira onda real não me surpreendeu de todo. Quase me desiludiu porque, incredulamente, já havia experienciado uma sensação semelhante, mas infinitamente mais poderosa.

Felizmente, com o passar do tempo, já vivi muitas ondas iguais ou ainda melhores ainda à do meu Sonho. Mas o que me inquieta mesmo, em tudo isto, é o poder da mente. Como posso eu ter sonhado algo que se veio a revelar, postumamente, tão real? Como posso ter tipo eu a perspectiva visual e sensorial de dentro de um tubo, os preceitos e maneirismos, mesmo antes de os ter vivenciado? Ou será que noutra vida, noutro universo paralelo, já me terei feito ao mar?

 

A minha primeira onda foi perfeita. Foi especial. E será para todo sempre inesquecível. Partilhada da minha mente, para mim mesma. Vinda dum swell feito da mesma matéria de que se fazem os Sonhos.

 

Também em:

palavrascomsal.blogspot.com/

memorizado por LaraR às 01:57
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De Olinda Gil a 18 de Março de 2009 às 15:12
http://blogtailors.blogspot.com/2009/03/emprego-tecnico-de-comunicacao.html
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