Domingo, 22 de Fevereiro de 2009
Se



Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem.

 

 

Poesia II - Sophia de Mello Breyner Andresen 1944

 

 

 

memorizado por LaraR às 15:37
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Sexta-feira, 16 de Janeiro de 2009
Evadir-me, esquecer-me



Evadir-me, esquecer-me, regressar
À frescura das coisas vegetais,
Ao verde flutuante dos pinhais
Percorridos de seivas virginais


E ao grande vento límpido do mar.

 

SophiaM.Breyner in Dia do Mar IV

memorizado por LaraR às 01:58
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Sexta-feira, 3 de Outubro de 2008
Quando eu morrer voltarei para buscar Os instantes que não vivi junto do mar

 

Podiam ser minhas estas palavras. Talvez tuas também.

 

Partilhamos dessa busca incessante de comunhão com o mar, pretendemos uma forma de plenitude, de transcendência. É no oceano que reencontramos o nosso Ego, fugimos às rotinas, à multidão cinzenta e à cadência do próprio tempo. Os nossos sonhos mais perfeitos residem onda a onda, concretizam-se em cada vitória sobre elas e por fim esfumam-se espraiados na areia.

Todos nós sabemos o que é ter esta estranha adrenalina a percorrer o corpo, um cansaço que nos deixa leve, a alma flutuante, um sorriso inconsciente estampado no rosto. Há um misto de solidão e de ânsia de partilha, de medo e de sedução. Este é o vício dilacerante de querer estar no mar, de fazer parte dele dia após dia. Cada vez mais. Dizem que Only a surfer knows the feeling e tudo mais são banalidades. No entanto, atrevo-me a dizer que conheci estas sensações muito antes de descer a minha primeira onda, de fazer o meu primeiro tubo.

Há uma mulher que “cantava o mar” como mais ninguém foi capaz e o amou tão apaixonadamente quanto nós. E ironia das ironias, não se conhecem nela façanhas em desportos de ondas... .  A poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen ama “aquela praia extasiada e nua” onde cada um de nós já sentiu “a selvagem exalação das ondas subindo para os astros como um grito puro”. Nela fascinamo-nos ao ver o “bailarino contorcido, “um oceano de músculos verdes” e “ao longe as cavalgadas do mar largo [que] sacudiam na areia as suas crinas”. Somos capazes de ouvir “a voz do mar [que] encheu o céu e a terra, uma voz que está cheia e se quebra e nunca mais acaba”.  Esse “mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim” onde “as ondas marram quebrando contra a luz a sua fronte ornada de colunas” ou “inclinando o colo marram como unicórnios brancos”. A poesia de Sophia tem a “verdade e a força do mar largo” e a “claridade das praias onde a direito o vento corre” e “sobre a areia o tempo poisa”. Esta mulher descreveu ainda um pouco de cada um de nós, aqueles que “só encontram o longe que se afasta (...) e o seu corpo é só um nó de frio em busca de mais mar e mais vazio”. Com ela experimentamos sensações de plena solidão, “só[s] com a areia e com a espuma”, suspiramos em uníssono o desejo de “possuir todas as praias onde o mar ondeia”  e onde por fim gritamos: “peço-te que venhas e me dês um pouco de ti mesmo onde eu habite” ! 

A poesia de Sophia de Mello Breyner também busca a perfeição e a harmonia de um ser humano que consegue ultrapassar cada obstáculo a partir das suas próprias limitações e imperfeições. Esse ser limitado e imperfeito sou eu e és tu em cada onda ou sonho falhado, em cada remada sofrida contra a corrente do mar... e da vida.  Este é o nosso desafio constante de superação, onde pode “no extremo dos [nossos] dedos nasce[r] um voo no vértice do vento e da manhã”. Afinal, é no mar que encontramos a nossa forma de felicidade e onde, bem lá no fundo, egoístas, todos pensamos: ” - Que momentos há em que eu suponho seres um milagre criado só para mim”.

 

 

Texto Publicado na Revista FreeSurf - Nr. 5 Setembro/Outubro 2008

Ph: LaraR - Paço de Arcos

 

memorizado por LaraR às 13:13
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Sexta-feira, 6 de Julho de 2007
Mais Sophia
Vai estar à venda a partir de 12 de Julho o livro A Sophia. Trata-se de uma homenagem de vários escritores a Sophia de Mello Breyner Andresen organizada pelo PEN Clube Português. O presidente do clube, Casimiro de Brito, organiza a edição.

Eu sei que sou suspeita, mas esta é mais uma homenagem merecida. Fico sempre feliz quando a minha Sophia, que tantas vezes dá voz ao que vai na minha alma, é recordada com carinho. A ver vamos o que este livro nos reserva. Ainda assim esta poetisa ainda não é estudada a fundo, levada verdadeiramente a sério. Lembro-me dela vagamente, embeirada numa página do livro de Português do 12º ano, convivendo no T1 do capítulo Outros Poetas do Século XX. Sim. Afinal houve uns outros tipos para além do Pessoa que escreveram umas coisas lá mais para o fim. Claustrofóbicos, com ela, estavam ainda José Régio, Jorge de Sena... . É triste. E nem na faculdade, num curso de literatura, acho que estes nossos Poetas foram levados verdadeiramente a sério. Foi mais do mesmo. Pessoa é grandioso, não digo que não. Mas há mais poesia para além dele. Há mais vida para além da prosa da Teolinda Gersão e "amigas".

Gosto de Sophia sobretudo por saber cantar o mar como mais ninguém foi capaz. A sua poesia é cristalina, cheira a maresia e nela ouve-se os sons dos búzios de cós. É plena de energia como uma onda a rebentar incessantemente na praia. É sinestésica.
E mesmo dizendo tudo isto estou a ser cruelmente redutora. Sophia não foi beber apenas ao Mar. Soube deitar-se no mármore branco do Parténon e sentir o sol dos mitos gregos, do berço da civilização. E tal como sentiu a euforia, sentiu a disforia humanas. Um país de pedra e vento duro. Gritou pela liberdade, gritou por todos os lábios mudos.


A bela e pura 

A bela e pura palavra Poesia
Tanto pelos caminhos se arrastou
Que alta noite a encontrei perdida
Num bordel onde um morto a assassinou.

Estou...:
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Sexta-feira, 22 de Junho de 2007
Serenidade


Mar sonoro 

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.


Ph. Mais uma das minhas fotos. Esta foi a 1 de Fevereiro na Praia Nova.
Estou...: sonhadora...
memorizado por LaraR às 02:42
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Segunda-feira, 18 de Junho de 2007
Sophia sempre
Mar


De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.

II
Cheiro a terra as árvores e o vento
Que a Primavera enche de perfumes
Mas neles só quero e só procuro
A selvagem exalação das ondas
Subindo para os astros como um grito puro.

Estou...:
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memorizado por LaraR às 19:06
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